terça-feira, 11 de setembro de 2007

Nikita

No outro dia li algures o seguinte:
“Assim como não tenho maneira de saber o que não mudou na minha vida, também não tenho muitas hipóteses de saber o que não me aconteceu (com excepções óbvias, comuns a quase todos); a não ser que pense nessas coisas que não me aconteceram como sendo naturalmente opostas às que me aconteceram. Por exemplo, tive sarampo por oposição a não tive sarampo, tendo o primeiro facto acontecido (já na idade adulta, obrigando-me a ficar semanas de cama) e o segundo não. Quanto ao que mudou na minha vida, posso reconhecer alguns aspectos práticos e outros ditos menos práticos - ex. mudei de casa ou tornei-me menos intolerante - mas o que não mudou, isso, eu não posso mesmo saber. (Introduzi o elemento "acontecer", porque me parece importante perceber que para mudar, é necessário que aconteça alguma coisa. Nem que seja só na nossa cabeça e nunca partilhemos essa informação com ninguém.)”
Nao concordo nada com isto. Tenho no entanto como plausivel mais que nao seja porque a isso me obriga o desconhecimento o convencimento de quem o escreveu e posso ate invejar a paz de espirito e tempo livre passivel de com outras coisas ser ocupado que por certo daqui advem para todos aqueles que por escolha ou na ausencia desta enveredam por este caminho. Um amigo dizia-me ha uns tempos atras no intervalo de uma cerveja ali para os lados de um bairro conhecido pela sua envergadura e a proposito de alguem cuja envergadura ja nao se detem diante dos meus olhos ha outros tantos tempos que o grande problema para a maioria das pessoas estava nao em pensar naquilo que as coisas haviam sido mas sim em pensar sobre o que elas poderiam ter sido. Segundo ele uma vez apreendida e devidamente aceite esta nocao e combatido o algoritmo deste tipo de pensamento na medida exacta que a cada um fosse necessaria o grau de lamento individual seria gradualmente reduzido para niveis coadunaveis com um encarar de vida ISO 9001. No seguimento disto disse-me tambem ele que tal como havia afirmado o supracitado era valido para a maioria das pessoas que por norma se defrontavam com os maiores problemas nas questoes versando o passado mas que eu como jogava nas tres frentes estava tramado e que mais valia acabar com o meu sofrimento o quanto antes e que melhor forma de dar inicio ao processo do que reatar a cerveja? Não não foi ele quem o disse. Fui eu quem o pensou. Pensado e feito.
“O que mostramos é que é possível pegar em problemas que não são óbvios, problemas muito grandes, e levar o raciocínio à perfeição. Não há erro nos resultados do Chinook - ele está sempre certo”, garante Schaeffer.
Ouve uns tipos que solucionaram o jogo das damas. Levaram quase 20 anos. Nao me importa discutir agora se o meu tabuleiro e’ maior ou menor nem tao pouco as diferencas entre a amplitude de movimentos do jogo e do por vezes joguete. O que sei de fonte limpa e’ que para mim que ja ando nas minhas andanças ha algum tempo tentar chegar as coisas que nao me aconteceram apenas com a ferramenta de pensar nelas como sendo naturalmente opostas as que sucederam fazia-me tanto sentido como ir bebado para casa percorrer o dobro do caminho necessario para fazer uma infima parte do mesmo e acabar forcosamente por ir bater a outra porta. Nao me importa discutir porque 20 anos e’ muito tempo muito tempo e’ tambem aquilo que o impossivel demora e eu nao quero perder mais tempo com isto. Nem com a minha forma de fazer as coisas nem com outra qualquer. Vou buscar uma ao frio.
http://www.youtube.com/watch?v=d3dkVFQdza0

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